O núcleo da liturgia deste domingo traz fundamentalmente a mensagem de: ‘Abrir-se para Deus’. No Antigo Testamento, frente ao desânimo geral pelas desventuras do exílio, o profeta Isaías exorta o povo de Israel a procurar só em Deus a esperança (1a Leitura). “Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é o vosso Deus que vem para vos salvar” (Is 35,4). O profeta crê e está seguro que Deus intervirá em favor do seu povo. O Salmo responsorial 145(146) prossegue: “O Senhor é fiel para sempre…”. “O Senhor faz erguer-se os caídos”.
Nesta intervenção, Deus não faz distinção entre pessoas como afirma São Tiago na 2a Leitura, manifestando-se ainda com maior evidência aos humildes, aqueles que assumem sua própria insuficiência e colocam só Nele sua esperança. Estes são aqueles que o Senhor quer tornar “ricos pela fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam” (Tg 2,5).
O Evangelho ilustra a intervenção de Cristo em favor dos necessitados através da narração da cura de um surdo-mudo. No Oriente Antigo, era atribuída à saliva um poder mágico de cura, principalmente em doenças dos olhos. O uso deste costume conhecido de seus contemporâneos era, sem dúvida, o melhor modo de Cristo poder mostrar ao doente sua vontade de curá-lo e assim levá-lo à confiança em Deus. Entretanto, Jesus cura o surdo-mudo levando-o à parte da multidão, evitando qualquer aparência teatral que reforçasse o interesse primordial do povo pelos milagres. De fato, “Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais Ele recomendava, mais eles divulgavam“. Por isso, não é suficiente limitar-se a uma pura descrição dos prodígios em si. É importante entender o seu significado mais profundo. As diversas tribulações que experimentamos ao longo da vida envolvendo família, saúde e trabalho, têm o grande mérito de conduzir-nos a um aumento da fé e esperança quando decidimos buscar a Deus. Entretanto, nem todos os cegos, surdos, paralíticos e leprosos foram curados por Jesus. Ele não cura toda doença, nem traz resposta feita para todo o problema. Se por um lado, é justo pedirmos a intervenção poderosa de Deus em nossas vidas, por outro é importante que os benefícios recebidos sejam motivo de uma crescente conversão e abertura à Cristo e aos irmãos (ãs).