LITURGIA / ANO C – 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 27/JAN/2019

* O anúncio da Palavra! *


1a Leitura - Ne 8,2-6.8-10: Leram o Livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido.

2a Leitura - 1Cor 12,12-30: Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros.

Evangelho - Lc 1,1-4;4,14-21: O E. Santo está sobre mim para anunciar a boa nova!

A liturgia de hoje põe em especial relevo a celebração da palavra de Deus. O cenário em que se passa a 1ª Leitura ocorre logo após o regresso dos israelitas depois de tantos anos de desterro na Babilônia. Já em solo judaico, um dos sacerdotes, Esdras, explica ao povo o conteúdo da Lei que tinham esquecido naqueles anos transcorridos em “terras estranhas”. Leu o livro sagrado desde o amanhecer até ao meio-dia, e todos de pé seguiam a leitura com atenção. O povo inteiro chorava, misto de tristeza ao perceberem que o seu antigo esquecimento da Lei fora a causa de que tivessem sido desterrados, e de alegria ao retomarem novamente a Lei de Deus enquanto ouviam a exortação: “Não vos aflijais porque a alegria do Senhor é a nossa força!” Esta passagem recorda que ao ouvirmos a Palavra de Deus devemos fazê-lo com a disposição interior de respeito, atenção, confronto entre nossa conduta e o texto sagrado, arrependimento pelos erros e alegria por vislumbrar mais uma vez a verdade narrada das Escrituras. “Devemos ouvir a Palavra, diz Santo Agostinho, como se o Senhor estivesse presente e nos falasse porque as mesmas palavras que saíam de Sua boca foram escritas, guardadas e conservadas para nós“.

O Evangelho prossegue sobre o mesmo tema da proclamação da Palavra, mas agora de forma mais solene. Na sinagoga de Nazaré Jesus abre o livro de Isaías e lê a passagem que se refere à sua missão, aplicando a si mesmo as palavras do profeta Isaías (Is 61,1): “O Espírito do Senhor repousa sobre Mim…“. A respeito do Espírito de Deus, afirma São Paulo na 2ª Leitura que “todos são batizados em um só Espírito, para formarmos um só corpo e todos nós bebemos de um único Espírito“. Todos fazemos parte do corpo místico de Cristo que é a Sua Igreja onde Ele é a cabeça e nós somos os membros. É o mesmo Espírito do Senhor que repousa sobre Cristo, a cabeça, que repousa também sobre todos nós membros deste corpo. Retomando o Evangelho da missa, vemos Jesus na sinagoga de Nazaré apresentando seu “projeto com vida”, ou seja, de começar sua missão resgatando a vida dos últimos, para torná-la mais sadia, mais digna e mais humana. Fala-se aqui de quatro grupos de pessoas: os “pobres”, os “cativos”, os “cegos” e os “oprimidos”. Eles resumem e representam a primeira preocupação de Jesus: aqueles que Ele carrega no mais profundo de seu coração. Como cristãos seguidores de Jesus, vemos que o envolvimento com o outro (excluído, pobre, marginalizado…) nos conduz à autenticidade, à libertação dos apegos e avareza, à liberdade para partilhar. Aproximar-se do empobrecido e deixar-nos afetar pelo seu sofrimento, torna-se a maior fonte de nossa espiritualidade. Seguir Jesus hoje é prolongar, criativamente, a sua presença e o seu compromisso junto aos mais excluídos, vítimas da ganância humana. Somos, portanto, chamados construir uma “cultura da solidariedade e partilha”. Significa viver de modo que a solidariedade constitua um pilar em nosso projeto de vida.

[Fontes: “Intimidade Divina" e "Reflexão sobre o Evangelho do 3º Domingo do Tempo Comum, Ano C – Jesuítas / CEI" / adaptação: Wilson]

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