LITURGIA / ANO C – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 10/FEV/2019

* O Chamado! *


1a Leitura - Is 6,1-2a.3-8: "Aqui estou, envia-me".

2a Leitura - 1 Cor 15,1-11: "A graça de mim não foi em vão".

Evangelho - Lc 5,1-11: Deixaram tudo e o seguiram.

O tema central da liturgia deste domingo é o chamado de Deus e a resposta à missão.

Na 1ª Leitura, o profeta Isaías nos fala de uma experiência transcendental, uma linguagem de símbolos que convida a vislumbrar o mistério. A manifestação de Deus ao profeta (teofania) cria uma sensação de plenitude. O Senhor está sentado em seu trono como rei e a terra é um templo gigantesco.” Eu vi com meus olhos o Senhor…” e “sentiu uma brasa de fogo que purificava seus lábios”. O profeta sente sua pequenez limitada, incapaz de abranger em vida a grandeza do Senhor; sente mais sua limitação ética, sua mancha e pecado. A purificação dos lábios é como um rito eficaz, que apaga os pecados.

Na 2ª Leitura, São Paulo fala sobre o chamado de Deus manifesto através do dom da fé. O apóstolo sabe por experiência que a fé é dom de Deus gratuito, mas não um talismã que age magicamente porque, após ter sido aceita, a fé requer a colaboração humana.

No Evangelho, Jesus se encontra à beira do lago de Genesaré, comprimido pela multidão que o procurava para ouvir a palavra de Deus. Ele vê então dois barcos ancorados na margem e sobe no barco de Simão, pedindo-lhe que se afaste um pouco da praia. Ali sentado, Jesus ensinava às multidões apinhadas à sua frente. Terminada a pregação, Jesus diz a Simão que navegue lago adentro, lance as redes novamente e assim acontece a admirável pesca milagrosa. Após este grande sinal, Simão é o primeiro a responder ao chamado quando ‘cai aos pés‘ de Jesus e recebe o nome oficial de Simão Pedro. Ele se tornará um pescador de homens e a abundância da pesca milagrosa pode simbolizar para a comunidade a expansão da Igreja. É significativo o fato de Jesus usar a barca de Pedro como sua plataforma para a pregação, prefigurando nesta barca a imagem da Igreja. Ao final da cena se acrescentam dois irmãos, Tiago e João, que formarão o trio dos íntimos de Jesus, respondendo com o seguimento imediato e incondicional a Cristo.

O chamado segue um clássico esquema bíblico. Em primeiro lugar Deus se manifesta ao ser humano. Neste encontro dá-se uma experiência transformadora frente a percepção da santidade de Deus e a descoberta da condição ser pecador daquele(a) que experimenta o chamado. Quando Cristo manifesta sua divindade a Pedro na pesca milagrosa, o apóstolo diz: “Afasta-te de mim Senhor porque sou pecador“. Mas o chamado pede mais, como que uma reconciliação. Pedro relutara inicialmente, mas então confiou e obedeceu ao pedido de Jesus em lançar novamente as redes. De nada servirão o esforço, os meios humanos, as noites em claro, se estiverem desligados do querer divino. “Deus não necessita do nosso trabalho, mas da nossa obediência” (São João Crisóstomo). Ao ouvirmos o versículo Lc 5,11 -” deixaram tudo e o seguiram” –vemos que nem pobreza, nem riqueza como tais impressionam a Deus, que deseja a nós mesmos, desapegados desses bens! Nossa Senhora interceda por nós para que, ao longo da jornada, possamos pronunciar as palavras do apóstolo São Paulo: “A graça de Deus em mim não foi em vão! “(1 Cor 15,10b).

 Baixe o PDF