LITURGIA / ANO C – DOMINGO DE RAMOS – 14/ABR/2019

* Ramos e Paixão do Senhor *


1a Leitura - Is 50,4-7

2a Leitura - Fl 2,6-11

Evangelho - Lc 23,1-49

Durante o tempo Quaresmal e Semana Santa as agências de turismo costumam fazer muita propaganda de Peregrinações à Terra Santa. Mesmo que não sejamos turistas e nem peregrinos, teremos, sim, que transitar por Jerusalém durante estes dias. Não podemos ir ali simplesmente como quem vai assistir algumas procissões famosas de Semana Santa; não podemos ir a Jerusalém de uma maneira indiferente, porque em Jerusalém é preciso “tomar partido”. Ou somos uma personagem da Paixão ou não somos nada; ou nos identificamos com Cristo ou seremos meramente estranhos.

Já na  Leitura entrevemos no “Servo de Javé”, a figura de Jesus: não resistiu nem recuou diante dos que lhe batiam e o insultavam. Na sequência da 1a Leitura, o Salmo responsorial escolhido é o Salmo 21, que Jesus rezou quando estava pregado na cruz. A Igreja não hesita em propor à consideração dos fiéis a Paixão de Cristo em toda a crua realidade (Evangelho da Missa). Torna-se assim claro que Ele, verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem e como tal, sofreu. Aniquilando na sua humanidade dilacerada todo sinal da divindade, fez-se Cristo irmão dos homens até participar com eles da morte, para poderem participar de sua natureza divina. Aí se evoca o mistério da humilhação e da exaltação de Jesus conforme é anunciado na  Leitura, um hino de louvor em honra do Filho de Deus. O “homem das dores”, que obedeceu até a morte humilhante, é o Senhor diante de quem se dobram todos os joelhos: “Por isso Deus o exaltou acima de tudo e assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua proclame: ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,9-11).

Jerusalém não é só uma cidade geográfica, situada na Palestina. Domingo de Ramos nos motiva a fazer o percurso em direção à nossa Jerusalém interior. Mas, para descer em direção a esta cidade é preciso despojar-nos da vaidade, do prestígio e do poder, “montando o jumentinho da simplicidade”. Vamos, então, com Jesus montados num jumentinho, transitar pelas ruas de nossa Jerusalém interna, reconhecendo os diferentes personagens que ali atuam e que significam diferentes atitudes vividas por cada um de nós. Cada personagem é um espelho onde nos vemos. Fazer memória da Paixão de Jesus pode ser uma ocasião privilegiada para transitarmos por nossa Jerusalém interior, um bom espaço onde encontrar a nós mesmos, identificar-nos com os diferentes personagens e sentir-nos parte daquela história.

É preciso cuidar o coração da nossa “Jerusalém interior”, esvaziá-lo, limpá-lo, aquecê-lo, transformá-lo em humilde e acolhedor espaço, para que o Espírito do Senhor possa aí descer e habitar, transmitindo-lhe vida, luz, calor, paz e ternura.

[Fontes: "Palavra de Deus e Nova Evangelização”, “Falar com Deus" e "Intimidade Divina" / adaptação: Wilson].

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