O quarto domingo da Páscoa, dedicado ao bom Pastor, vê nesta figura a expressão do amor universal de Cristo pelos seres humanos. Estes lhe pertencem como ovelhas ao pastor, guarda-as com cuidado zeloso e lhes é fonte de vida e segurança. Privilégio imenso não oferecido a alguns, mas indistintamente a todos que o quiserem aceitar.
A resistência do povo escolhido de Israel ao Evangelho, tornou-se ocasião para que os apóstolos dirigissem sua atenção aos pagãos. “Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós” – diziam Paulo e Barnabé aos judeus – “mas como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, saibam que vamos dirigir-nos os pagãos” (1ª Leitura).
O Bom Pastor a ninguém exclui de seu rebanho. É o ser humano que se exclui quando rejeita conscientemente a mensagem de Cristo. Jesus se apresenta como “a porta das ovelhas” (Jo 10,7). Quem aceita passar por esta porta será sempre bem acolhido pelo Filho e pelo Pai.
Na visão profética de João na 2ª Leitura, aparece Jesus sob a figura do cordeiro-pastor, rodeado de “imensa multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua”. Então “os que vieram da grande tribulação”, em defesa da fé durante sua vida terrena, não sofrerão mais “porque o Cordeiro será seu pastor e os guiará às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap 7,17).
A imagem do Bom Pastor que Jesus traçou sobre sua pessoa, é retomada no Evangelho deste domingo: – “As minhas ovelhas escutam a minha voz”. Diante da voz do Bom Pastor não se trata de sermos receptivos a algumas ideias, ouvir determinados conceitos, mas de escutar com o ouvido do coração. Saber escutar, saborear o que Ele diz, entrar em comunhão de sentimentos, deixar-se impactar pelo seu modo de ser e de viver, suas opções, suas relações com o Pai e com os outros… E isto exige uma capacidade de escuta de nós mesmos e uma profundidade que possivelmente está nos faltando, sobretudo se estivermos nos movendo na superficialidade da vida.
A vida é a verdadeira escola para a aprendizagem da escuta. Por isso, escutar a voz do Pastor implica nos colocar no caminho da verdadeira e autêntica humanização. Seguir a Cristo no dia-a-dia, na trama concreta da vida pessoal, familiar e social, é transformar em cristãos e evangélicos os critérios e estilos mundanos de nossa vida.