LITURGIA / ANO B – 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 26/AGO/2018

A liturgia da Palavra deste domingo nos coloca diante da grande decisão: “Escolhei hoje a quem quereis servir”. Vemos na 1ª Leitura o profeta Josué, sucessor de Moisés, passar por um momento crucial quando tentava estabelecer-se na Terra prometida, em meio a povos idólatras. O profeta reúne todas as tribos de Israel convocando os anciãos, chefes, magistrados, juízes e todo o povo para tomarem uma posição sobre a quem querer servir: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir”. Em outras palavras: ‘quereis servir a Deus ou aos ídolos’. Unânime é a resposta de todos: “Longe de nós abandonarmos a Deus para servir a deuses estranhos”. Entretanto, os relatos das Escrituras mostram que o povo de Israel oscilava na sua fidelidade a Deus.
Ao longo dos séculos, a admoestação feita pelo profeta continua sendo atual: não basta escolher a Deus uma vez na vida, mas havemos de renovar cada dia nossa escolha recordando ser impossível servir a Deus e ao mesmo tempo às teorias seculares do mundo, suas vaidades e caprichos, outros tantos ídolos.
O tema da fidelidade a Deus é também abordado no Evangelho onde Cristo propõe aos seus discípulos uma decisão sobre a quem seguir. No discurso sobre o pão da vida, apresentado nos domingos anteriores, Jesus havia esclarecido sua missão entre homens e mulheres, diante de uma multidão entusiasmada que o seguia de bom grado na medida em que Ele fazia os milagres e lhes repartia o pão. Mas a incompreensível pretensão de oferecer-se Ele mesmo como pão, aquele que daria sentido a suas vidas, lhes pareceu intolerável. A multidão que esperava um Messias “triunfalista”, sentiu-se na dúvida em continuar a seguir Jesus e talvez também alguns dos apóstolos se inquietaram frente a desistência de tantos. E Cristo lhes questiona: “Vós também quereis ir embora”? Pedro responde: “A quem iremos Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).
A opção fundamental por Cristo se vai gerando pouco a pouco na vida de um cristão. No amadurecimento da fé, ocupa um lugar privilegiado o ambiente da família que deve constituir-se fonte de renovação cristã permanente. Por isso, São Paulo (2ª Leitura) fala sobre a vida nova em Cristo em estreita relação com a vida em família, comparando o amor conjugal e familiar ao amor entre Cristo e a sua Igreja. Se assim for constituída, a família terá sempre em si mesma uma vocação irradiante, evangelizadora e promotora de melhor humanidade.