A liturgia deste domingo se inicia com as palavras de menosprezo dos maus para com o justo, tramando-lhe a morte: “Armemos ciladas contra o justo, porque sua presença nos incomoda. Vamos condená-lo à morte vergonhosa” (1ª Leitura). Assim aconteceu no Antigo Testamento e no mais alto grau para com Jesus Cristo no Novo Testamento. Este trecho da 1ª Leitura transforma-se, portanto, em uma profecia da Paixão de Cristo.
O tema é abordado no Evangelho onde o Mestre surpreende aos discípulos dizendo-lhes: “O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens e eles o matarão”. Os discípulos ficam alarmados e procuram evadir-se porque “tinham medo de perguntar”. E na sequencia passam a discutir entre si quem deles seria o maior. Jesus senta-se e chama os doze dizendo-lhes: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos”! (Mc 9,35).
Entretanto, é importante assinalar que Cristo não ensina a receita segundo a qual alguém conseguirá ser o primeiro do ponto de vista terreno. Quem serve, quem se faz pequeno, não terá por compensação a promoção para o primeiro lugar. Não, ele fica normalmente no último. E esse problema é bem atual. Alguém pode se ufanar com sua pobreza e levantar a bandeira de sua prepotência ideológica. Sem perceber, do seu último lugar, ele mudou para o “primeiro”. Existem outros que, apesar de ocupar um lugar de destaque, servem solícitos com competência e humildade, suportando pacientemente o desgaste do trabalho com nobreza e dignidade.
A mentalidade natural do homem terreno é fugir do rebaixamento e buscar um melhor lugar acima dos outros. Entretanto, a grandeza do ser humano está no seu crescimento à imagem e semelhança divinas, tendo por modelo Jesus Cristo. “Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos”! É o que fará Ele próprio: reduzir-se-á a servo dos seres humanos até morrer por eles como o último dos malfeitores. Mas, pela ressurreição será o primeiro, o primogênito de tantos irmãos adquiridos com o preço de seu sangue na cruz. O caminho certo para encontrar a Cristo é o da humildade, amor e espírito de serviço, sabedoria que liberta o ser humano da inveja e das contendas das quais fala São Tiago na 2ª Leitura: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz” (Tg 3,16-18).
