LITURGIA / ANO C – 8º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 03/MAR/2019

* O ‘coração’ humano *


1a Leitura - Eclesiástico 27,5-8

2a Leitura -

Evangelho - Lc 6,39-45

O tema central da liturgia deste domingo está centrado no “coração humano” e de como este se revela através do falar: “Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar”; “O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem”; “Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela” (1ª Leitura: Eclesiástico 27,5-8).

No Evangelho, Jesus fala que “Toda a árvore é conhecida pelos seus frutos. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro de seu coração, mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio” (Evangelho: Lc 6,39-45). A antropologia bíblica considera o ‘coração’ como o interior do ser humano em um sentido muito mais amplo daquele que evoca simplesmente a sede dos sentimentos… O ‘coração’ é o centro de nosso ser, o nosso cerne mais íntimo, o lugar do encontro com Deus. Um coração que vibra harmoniosamente, de modo coerente, “com ondas de frequência elevada”, nos permite perceber a realidade de um modo igualmente harmonioso; sua energia radiante, transmissora de paz, de confiança, de abertura, alcança os outros tornando possível o sonho da unidade entre nós e aqueles que estão ao nosso redor.

Para os antigos monges, o contrário desta abertura de coração é a “sklerokardia”, ou seja, a “dureza de coração”, que impede a entrada em si mesmo e o encontro com os outros e com Deus. O coração pode palpitar ao ritmo da soberba ou da humildade, do amor ou do ódio, do egoísmo ou da generosidade. E está cheio de mesclas: de trigo e de joio. Quando nosso coração está “fechado”, nossos olhos não veem, nossos ouvidos não ouvem, nossos braços e pés se atrofiam e não se movimentam em direção ao outro; vivemos voltados sobre nós mesmos, insensíveis à admiração e à ação de graças. Quando nosso coração está “fechado”, em nossa vida não há mais compaixão e passamos a viver indiferentes à violência e injustiça que destroem a felicidade de tantas pessoas. Vivemos separados da vida, desconectados. Uma fronteira invisível nos separa do Espírito de Deus que tudo dinamiza e inspira; torna-se impossível sentir a vida como Jesus sentia.

Por ser imagem de Deus, e porque “Deus é Amor”, o coração humano é capaz do melhor: tem a potencialidade de amar aos outros com o mesmo amor com que Deus lhe ama, ou seja, com um amor gratuito e generoso. Mas, por ser uma imagem ofuscada pela limitação e pela fragilidade, o coração humano é também capaz do pior: de negar sua origem e se deixar levar por suas potencialidades necrófilas (forças de morte); de viver dando as costas para Deus. Quando nosso coração está centrado em Deus, tudo está em seu lugar, tudo vai bem. Para isso faz-se urgente reconectar-se com a Fonte, onde o coração humano é continuamente gerado, sustentado, alimentado pelo amor de Deus que o irriga e que o restaura! [

[Fontes: “Reflexão do Evangelho do 8º Domingo do Tempo Comum: CEI / Jesuítas – Espiritualidade de Santo Inácio de Loyola” / adaptação: Wilson]

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