A reconciliação do ser humano com Deus fundamenta a meditação sobre a liturgia deste domingo. Apresenta a 1ª Leitura o povo de Israel que após sua reconciliação com Deus, entra finalmente na terra prometida e ali celebra exultante a Páscoa no Antigo Testamento.
Na 2ª Leitura, São Paulo fala sobre a reconciliação do ser humano com Deus por meio de Cristo: “Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens e mulheres as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação“. É a grande novidade, a Páscoa cristã que supre a Páscoa antiga. Já não é o sangue de um cordeiro ou a oferta dos produtos da terra com a finalidade de tornar os homens agradáveis a Deus, mas é Deus mesmo quem se compromete em salvar a humanidade dando-lhe seu Filho unigênito: “Irmãos, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5,17).
De reconciliação fala também o Evangelho da missa na parábola do filho pródigo. O filho mais novo, decidido a uma realização pessoal e autônoma, distancia-se daquela casa, onde tudo parecia ser muito tranquilo e monótono. Contudo, no momento em que se encontra em estado de completo abandono, com a ameaça da morte diante de si, volta em seu coração a lembrança da segurança da casa paterna e da ternura e amor do pai e decide retornar. Por outro lado, o filho “fiel” que permanece na casa paterna, mostra viver uma vida voltada ao sacrifício e ao trabalho. Cresceu sem alegrias: ele mesmo lamenta de não ter jamais recebido um cabrito para fazer festa com os amigos.
O acontecimento da volta do irmão o surpreende enquanto está no campo cumprindo seus deveres e fica desnorteado com a manifestação de amor do pai para com o filho mais novo. Dado o seu legalismo, era incapaz de considerar a existência além da lógica do prêmio & castigo e está impedido de experimentar a compaixão. O Pai faz a festa para o filho perdido e reencontrado. Mas ama também aquele que ficou em casa, ao seu lado. Ele vai ao seu encontro pedindo-lhe que participe da alegria do reencontro. Não o deixa na sua solidão e na sua rejeição.
No final, aquele filho, que sempre estivera ao lado de seu pai e nunca fizera nada de errado, compreenderá que a única coisa justa a fazer é entregar-se ao amor. O que torna a vida verdadeira, não são quantas e quais coisas se faz, mas o espírito de amor que sustenta cada passo e motiva cada opção. Só o amor, e não a dedicação forçada no serviço ao próximo, pode dar sentido, sabor e valor à vida.