A liturgia deste domingo fala na 1ª Leitura sobre a experiência de paz e consolação do povo hebreu no retorno à Jerusalém, após o exílio da Babilônia, como síntese dos bens prometidos por Deus: ‘Vou fazer a paz correr para ela como um rio, como uma torrente transbordante… Como a mãe consola o filho, assim vos consolarei’. Também a Igreja traz a promessa de transmitir o tesouro da paz e consolação oferecido por Jesus a humanidade, possuindo a missão de difundi-la por todo o mundo.
Quem segue a Jesus, como seus primeiros discípulos, tem a missão de preparar os caminhos do Mestre. Como eles, os cristãos hoje caminham em meio a ‘toda cidade e lugar’, isto é, nos diversos ambientes, como ‘sal da terra e luz do mundo’ (Mt 5,13). O cristão é alguém que com gestos e palavras, e mesmo com sua simples maneira de viver, abre caminhos para Deus. Sem subir a nenhum palanque, sua vida anuncia a presença de Cristo e denuncia sem estridência a insensatez da incredulidade.
Apesar de tantas e tantas vezes em nosso tempo se clamar pela paz, vemos que a situação geral do mundo tem pouco a ver com a paz. Falta paz na sociedade, nas famílias e nas almas. O que acontece para que não haja paz? Porque frequentemente encontramos, inquietação, tensão (e tantas vezes violência) e tanta tristeza nas almas, se todos desejam a paz?
Na verdade, a paz não é simples tranquilidade ou ausência de dificuldades e de luta. São Paulo afirma que o próprio ‘Cristo é a nossa paz’ (Ef 2,14) – possuí-Lo e amá-lo é a origem de toda a serenidade verdadeira. As provas e dificuldades que o Apóstolo suporta são para ele lugar de esperança, comprazendo-se em trazer no corpo as marcas de Jesus (2ª Leitura).
A paz que vem de Deus é dom divino que ‘sobrepuja todo o entendimento’ (Fl 4,7), particularmente presente aos que procuram conformar sua vida com o querer divino. A vida do cristão converte-se assim em luta por rejeitar o mal, vencer as paixões desordenadas com a ajuda da graça e possuir e comunicar a paz que Jesus conquistou para nós.
Na oração, peçamos a Deus com intercessão de Maria, a ‘Rainha da Paz’, que saibamos recorrer com humildade a Cristo para que afaste de nossa alma o dessossego, o temor, a tristeza ou rancor e permita que sejamos portadores da paz em Seu nome, em nossos diversos ambientes!