Mais uma vez o Advento vem ao nosso encontro e, com ele, o convite para continuar ampliando espaços para Deus em nossas vidas. Uma oportunidade para escutar de novo sua promessa de nova vida, de um novo ânimo, uma nova esperança. Podemos acolher este tempo com a marca da rotina de mais um ano, repetir as mesmas palavras, a espera, o “vem, Senhor” ou nos mobilizarmos e abrir-nos às surpresas de Deus que virá a nós como chamado, como grito para despertar-nos. Que nos abramos ao novo!
Ao iniciarmos mais este ano litúrgico (Ano C), vemos na 1ª Leitura, a profecia de Jeremias sobre a vinda do Salvador: “Naqueles dias farei brotar de Davi a semente da justiça…”. Essa vontade do Pai manifestou-se plenamente na primeira vinda de seu Filho que veio para nos redimir e ensinar o caminho. Sobre a segunda vinda de Cristo, afirma São Paulo na 2ª Leitura: “Que Ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus nosso Pai, no dia da vinda do Senhor Jesus”. Na expectativa da sua hora, que é também a nossa hora, o conselho de Jesus é claro: “Portanto ficai atentos e orai a todo o momento …” (Evangelho). Por isso, o cristão não deve jamais cair na resignação, mas permanecer em vigília, na expectativa. Ele deve ser também uma surpresa para os outros, com seu gesto de amor imprevisto, com sua palavra que reanima, com sua visita que consola, com sua atenção para com todos os que levam uma vida obscura e monótona. Ele olha o mundo com inteligência, sim, mas também com simplicidade. O chamado original a “despertar” reveste-se de uma profundidade muito maior.
Que significa “despertar”? Em quê sonhos estamos mergulhados? Como dar-nos conta de que estamos “adormecidos”? Há algo que possamos fazer?… Todas estas questões são evocadas pelo convite que aparece na boca da Jesus: “Estai sempre despertos”. Poderíamos dizer que o Advento nos apresenta uma “espiritualidade do despertar”. Se estamos adormecidos ou anestesiados, sem nos encantar com a maravilha e o desafio de estarmos vivos, precisamos despertar. Despertar para a gratuidade da vida, para o chamado à convivência e comunhão, despertar para uma presença misericordiosa. Jesus vem despertar-nos e ativar nossa esperança!
